Usurper: Entrevista exclusiva sobre o novo álbum

Entrevista por: Cristian Schöenardie
Edição: Maicon Leite

Formado em 1993 na cidade de Chicago, o grupo norte-americano tem colecionado uma série de discos impecáveis, indo fundo na mistura de Thrash e Black Metal, o que acabou considerando-os um dos expoentes desta empolgante sonoridade metálica. Seu último álbum, “Cryptobeast”, foi lançado no já distante ano de 2005, e de lá pra cá o guitarrista e vocalista Rick Scythe acabou se envolvendo com outros projetos, mas para o mês de março já está programado o lançamento do novo álbum, “Lords of the Permafrost”, pela gravadora Soulseller Records da Holanda. Conversamos com Rick sobre esta nova fase do grupo, que promete render bons frutos!

Faz 14 anos que não ouvimos nada de novo do Usurper. O que podemos esperar ouvir no “Lords of the Permafrost”?

Rick Scythe: Primeiro de tudo, meu amigo, obrigado pela entrevista! “Lords of the Permafrost” é um retorno ao som clássico Usurper. Para os meus ouvidos, tem elementos de todos os álbuns anteriores. Se eu tivesse que compará-lo a qualquer coisa, eu diria que tem o peso bruto de “Threshold of the Usurper” combinado com a “bateção” de cabeça do “Necronemesis”. Há também elementos que soam como se tivessem vindo do “Twilight Dominion” também. Uma coisa é certa, soa como o que você esperaria que o Usurper soasse.

Dê-nos uma breve visão geral do “Lords of the Permafrost”? E suas músicas? Fale sobre as letras.

Rick Scythe: O álbum tem oito músicas e as letras são mais uma vez inspiradas no paranormal, folclore obscuro e contos de monstros de diferentes civilizações de todos os cantos da Terra. A faixa-título é sobre essas criaturas do folclore nativo americano chamado Wendigo, que segundo a lenda, são entidades malignas canibais que perseguem os humanos durante a parte mais fria do inverno. Depois, há uma música chamada “Beyond the Walls of Ice”, que é inspirada nos segredos da Antártida – musicalmente, parece que poderia ter sido uma música perdida da nossa demo de 1994 “Visions from the Gods”. Essas duas músicas inspiraram a atmosfera e o tema geral do álbum. A faixa de abertura, “Skullsplitter” é sobre a batalha entre o Império Romano e os bárbaros escoceses. Tem uma sensação muito majestosa e violenta. Soa como algo bárbaro. Finalmente, terminamos o lado A com um conto de lobisomem da América do Sul chamado “Cemetery Wolf”, que é arrepiante, e ainda assim dá para bangear, como algo que ficou de fora do “Skeletal Season”. “Warlock Moon” abre o lado B. É uma música frenética com uma letra exagerada do Dan Tyrantor, quase como um poema de Edgar Allan Poe ajustado para speed metal. Depois, há um hino de metal chamado “Gargoyle” – tem quase um toque de Thin Lizzy para algumas das harmonias, ainda que super pesado. Há uma música sobre o Kraken chamada “Black Tide Rising”, na qual Scott Malestrom contribuiu, e finalmente “Mutants of the Iron Age“, que é sobre este Cemitério Celta que foi recentemente desenterrado; e continha ossos que pareciam ser híbridos humano-animal.

Você teve algum sentimento especial quando começou a compor as músicas para “Lords of the Permafrost”?  Tipo alguma restrição para escrever algo ligado aos álbuns antigos? O quão importante são as letras para você?

Rick Scythe: Sem restrições, a magia estava lá desde o primeiro dia. Quando reformamos a banda oficialmente em 2015, não tínhamos certeza se iríamos gravar um novo álbum. Nós estivemos fora por mais de uma década e tínhamos 64 músicas do nosso catálogo anterior para escolher. Mas desde que os shows foram bem, e as pessoas pareciam querer algo novo do Usurper, as coisas pareciam certas. Eu nunca parei de escrever, então era apenas uma questão de mostrar a Joe meus riffs e a gente trazer coisas para a vida. Quando Joe e eu nos juntamos, as coisas soam como o clássico Usurper. Ele sabe escrever perfeitamente as partes de bateria dos meus riffs. Quanto às letras, tomei a mesma abordagem que os velhos tempos. Eu li sobre muitos tópicos estranhos e discuti esses tópicos com Dan. Ele gosta muito das mesmas coisas que eu, então é muito fácil trocar ideia. A maioria das músicas eu apenas estruturo onde as palavras vão. Às vezes, Dan pega e as escreve, outras vezes colaboramos e, em uma ocasião rara, eu apenas escrevo algo.

Alguma mudança na formação deste novo álbum? Fale um pouco sobre isso.

Rick Scythe: Originalmente nos pediram para reformar a banda para um festival em 2013 para celebrar o 20º aniversário do Usurper. Joe e eu estávamos 100% nessa ideia. Nós dois formamos a banda e nós dois pensamos que era à hora certa. Nós ensaiamos com o baixista original também, mas nós estávamos tendo problemas com um vocalista. Dan Tyrantor estava morando no Colorado e estava muito doente e precisando de um transplante de fígado, então não conseguiu. Nós também perguntamos ao vocalista, o General D. Slaughter, se ele estava interessado, mas ele não queria fazer isso, então às coisas meio que desmoronaram antes de começarem. Então, em 2015, fomos convidados a tocar em outro festival para celebrar o 20º aniversário do nosso álbum de estreia, “Diabolosis”. Eu pessoalmente pedi a todos os membros do passado que fizessem parte disso. Mesmo que outros membros do passado se opusessem, Dan queria muito mesmo fazer isso. Dan Tyrantor recebeu um transplante de fígado um ano antes e realmente gostou da ideia de reformar a banda permanentemente. Já que o baixista original desistiu, Joe pediu a Scott Maelstrom para participar. Scott estava em uma banda com Joe na época e era na verdade um grande fã do Usurper. Ele tinha todos os álbuns e estava em todos os shows de Chicago que tocamos. Scott ainda conhecia muitas das músicas antigas, então essa foi uma escolha perfeita para nós.

Lyric video da faixa-título do novo álbum:

Fale um pouco sobre o processo de composição e produção do “Lords of the Permafrost”. Quais formatos estarão disponíveis?

Rick Scythe: Voltei a escrever da maneira que fiz em “Diabolosis” e “Threshold of the Usurper”. Eu criava o esqueleto da música, que inclui os riffs principais e o conceito lírico geral, então eu mostrava os riffs para Joe. Joe aparecia com suas partes de bateria e percussão e também ajudava com alguns arranjos. Então eu planejava onde as letras iriam. Às vezes eu tinha apenas o conceito lírico e Dan escreveria as palavras reais, outras vezes colaborávamos. Então nós terminávamos no ensaio com Scott e toda a banda e apenas tocamos as coisas até que seja uma segunda natureza. Eu tive 14 anos de riffs, músicas e ideias, então foi fácil do meu jeito. Scott até escreveu alguns riffs e veio com alguns graves interessantes, então todos colocaram sua marca nessas músicas de uma forma ou de outra. A Soulseller Records da Holanda nos deu uma boa oferta para lançar um novo álbum. Jorn, da Soulseller, é na verdade um fã do Usurper desde os anos 90, então esse era o único selo com o qual eu queria trabalhar. “Lords of the Permafrost” estará disponível em março de 2019 nos formatos CD, LP e Digital.

O Usurper vem fazendo alguns shows desde o ano passado (se eu não estiver errado), tocando músicas clássicas. Como está sendo a aceitação dos shows? Vocês já tocaram algo das novas músicas?

Rick Scythe: Sim nós tocamos alguns grandes festivais como o California Death Fest e Maryland Deathfest, assim como alguns shows locais. A resposta foi incrível! Um monte de bangers das antigas, cantando todos os velhos hinos e depois muitos rostos novos batendo cabeça também. No ano passado nós tocamos em um show local em Chicago com Aura Noir, neste show que nós tocamos, “Beyond the Walls of Ice” – e ela obteve uma ótima resposta.

Você diria que o Usurper melhorou com o novo álbum ou ele é tão especial quanto o “Cryptobeast”?

Rick Scythe: Eu vou dizer isso: como músicos, esse é o melhor que já tocamos coletivamente e individualmente. Nós fizemos esse estilo antigo; ao vivo, sem cliques, sem parar. Nós quatro literalmente reunimos em um estúdio e o engenheiro apertou o “rec”. Obviamente, eu tive que adicionar outras faixas e solos de guitarra, mas minha faixa original está lá como a faixa central. Dan gravou scratch vocals quando todos nós gravamos. Nós estávamos ensaiados demais e não ferramos com nada. Foi como gravamos em 1994/1995. A sonoridade é massiva e como eu disse anteriormente, tem elementos de todas as eras passadas do Usurper. Qualquer um que tenha sido fã do Usurper no passado poderá soltar a agulha em qualquer lado do lado A ou do lado B e instantaneamente fazer uma garra com as mãos e começar a balançar elas. Soa como antigo e clássico Usurper. Obviamente, existem algumas novas reviravoltas, mas até mesmo as voltas e reviravoltas soam como Usurper.

Você tem ouvido alguma banda nova ultimamente? Diria que o “Lords of the Permafrost” têm alguma nova influência, ou é basicamente influenciado por bandas antigas?

Rick Scythe: Eu não. Eu fui influenciado apenas por bandas antigas e pelo Usurper. Tenho certeza de que existem grandes bandas novas, mas estou velho e já achei o meu caminho. Eu não quero que Usurper soe como uma versão modernosa do Usurper, eu só quero que soe como o Usurper. A cena do underground metal rotineiramente passa por tendências, e eu nunca vou tocar o que está na moda, só vou tocar o que eu gosto. Se as pessoas acharem que Usurper soa “velho” ou “não-legal” ou “não de acordo com a época”, tudo bem por mim. Nós tocamos para nós mesmos e os fãs mais dedicados apenas.

Alguma turnê já agendada para o lançamento do “Lords of the Permafrost”?

Rick Scythe: Estamos planejando shows, festivais e possivelmente algumas turnês para a primavera e verão de 2019.

Deixe seu recado final e o que podemos esperar para 2019?

Rick Scythe: Apenas subir no palco quando pudermos e possivelmente gravar algumas covers, músicas antigas e algumas músicas novas para um lançamento posterior. Muito obrigado por esta entrevista. Brasil! Vocês chutam bunda no nível máximo! Eu sinceramente quero dizer isso: o Brasil sempre teve os bangers mais leais e obstinados do mundo. Nós faremos o que pudermos para tocar ao vivo para vocês!

WarGodsPress

Assessor de Imprensa com a Wargods Press, colaborador da revista Roadie Crew, co-autor do livro Tá no Sangue! e podcaster com o Metal Legacy.

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