“Holding the Flag of War” do Dominus Praelli ganha relançamento de aniversário; confira resenha

Quem acompanhou o Heavy Metal brasileiro entre o final da década de 1990 e início de 2000 viu surgir inúmeras bandas, com ótimos álbuns sendo lançados, como é o caso do Dominus Praelli e seu clássico e emocionante “Holding the Flag of War”. Fundado em 1999, o grupo lançou sua primeira demo no ano seguinte, intitulada “The Final Battle”, angariando diversos comentários positivos da critica especializada, afinal, aliado ao fato de o material ser bem tocado e bem produzido, o próprio estilo que os paranaenses escolheram para tocar chamava a atenção, voltado a um som com uma pegada mais oitentista, pesado e agressivo.

Com a demo se espalhando pelo Brasil e exterior, chegou a vez de gravar o primeiro álbum completo, “Holding the Flag of War”, lançado em 2002 pela Megahard. Composto de nove faixas, transborda o mais puro e intenso Heavy Metal, podendo ser classificado como Heavy Metal tradicional com um mix de Speed/Power Metal, tudo isso carregado de uma aura épica extremamente palpável, fazendo o ouvinte bradar junto a cada refrão. A sonoridade do quinteto formado por Ricardo Pigatto (vocal), Silvio Rocha e Evandro Romero (guitarras), Rene  Warrior (baixo) e Rafael Guilhen (bateria) ia de encontro com um revival que se formava, tanto na Europa quanto no Brasil, onde inúmeras bandas bebiam copiosamente em influências da década de 1980, no som e no visual, vide Hammerfall, Sacred Steel e Wizard na Europa e Steel Warrior, Steellord, Hellish War e Brave no Brasil. Mas é importante frisar: cada uma delas com sua própria personalidade e sonoridade.

“Holding the Flag of War”, agora relançado pela Distro Rock, ganhou uma nova versão caprichadíssima, em slipcase, limitada em 500 cópias. Além do álbum em si, remasterizado, o CD traz a demo “The Final Battle” como bônus, além de um pôster (33x45cm) e um adesivo. Toda a arte gráfica desta nova edição leva a assinatura de Slanderer Crowley. Nestes mais de 20 anos, “Holding the Flag of War” sempre esteve tocando por aqui, e posso dizer que tive a sorte de assistir a banda ao vivo na turnê de divulgação do álbum, quando tocaram aqui na cidade de São Leopoldo, em 6 de abril de 2002. Foi um show marcante, e hoje, ao ouvir a música “Waves of War” e seu refrão grudento, sou automaticamente transportado para o saudoso Teatro do Armindão, um dos maiores points metálicos daquele início de milênio, que naquela noite ainda recebeu Hibria, Distraught e Rhestus.

Lembranças e devaneios à parte, o fato é que “Holding the Flag of War” é um disco extremamente sólido e todas as músicas possuem algum destaque. Com temática voltada ao guerreiro mongol Gengis Khan e seu povo – com exceção para a faixa de abertura, “Hard Deadly Wheels” – o álbum empolga do início ao fim. Intercalando entre músicas velozes à outras mais “contidas”, é justamente com a rápida “Hard Deadly Wheels” que o Dominus Praelli mostra todo seu potencial, abrindo o trabalho de forma espetacular, com riffs cortantes irrompendo os alto falantes, bem amparados pela cozinha pujante os vocais fortes de Ricardo Pigatto. Mesclando trechos cadenciados com velocidade, “Scent of Death” esbanja bumbos duplos, com ótimas linhas de guitarra e “Khan’s Warriors” não fica pra trás, falando da vida dos guerreiros de Gengis Khan e da matança perpetuada por eles em nome de seu líder. A quarta faixa, “Khan’s Legacy”, nos presenteia com refrães marcantes:

“I’m a leader without blame
My fear I turned into flame
On my trace there is no shame
Ilya Temujiyn is my name

I am Kha’agan
The Ulan Bator
I’m the first Khan
From Orient to Europe
I’m Genghis Khan
I’ve taken the terror”

A quinta faixa, “Cold Winds” dá ao ouvinte uma chance de respirar, mostrando o lado cadenciado do quinteto, que não poupa nos riffs cortantes. “Knight of the Silver Moon” segue na mesma pegada, com um ótimo trabalho dos guitarristas. A trinca final tem início com a excelente “Saga of Killing Riders”, seguida de “Hall of Power”, mas é com a épica “Waves of War” que o Dominus Praelli faz o ouvinte praticamente chorar de emoção. Os riffs de abertura da faixa evocam o que há de melhor no Heavy Metal tradicional, e seu refrão grudento, como falei lá atrás, traz um sentimento de nostalgia enorme. É assim que se criam verdadeiros hinos de Heavy Metal!

“Waves of War – Soldiers loosing their lives
Waves of War – Blood on the battle field
Waves of War – Screams of pain everywhere
Waves of War – Kill your enemy with no mercy”

Dentre as três faixas da demo “The Final Battle”, apenas “Mighty Odin” não foi regravada no debut, e ela se destaca pela sua letra trazendo aquela clássica oração viking do filme “13º Guerreiro”, estrelada por Antonio Banderas. Com “Holding the Flag of War” de volta ao mercado, trata-se de uma oportunidade única para os colecionadores adquirirem esta verdadeira obra de arte do Metal brasileiro, que marcou época e continua tão empolgante quanto na época de seu lançamento. E vamos de Waves of War” no repeat…

Track list:

1. Hard Deadly Wheels
2. Scent of Death
3. Khan’s Warriors
4. Khan’s Legacy
5. Cold Winds
6. Knight of the Silver Moon
7. Saga of Killing Riders
8. Hall of Power
9. Waves of War
10. Intro (bonus track)
11. Waves of War (bonus track)
12. Khan’s Warriors (bonus track)
13. Mighty Odin (bonus track)

Para adquirir o CD, acesse:

Confira visualizer de “Scent of Death” no YouTube:

Ouça “Waves of War” no YouTube:

Ouça “Holding the Flag of War” no Spotify:

WarGodsPress

Assessor de Imprensa com a Wargods Press, colaborador da revista Roadie Crew, co-autor do livro Tá no Sangue! e podcaster com o Metal Legacy.

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