Furit: Confira uma análise de todas as letras do novo álbum

FURIT – BLACK MIRROR

A abordagem do álbum gira em torno de temas atuais, com a interação entre as relações humanas e realidades cotidianas, de um mundo já permeado por tecnologia e informação. “Black Mirror”, título do álbum vem de seriado homônimo da Netflix, que faz de forma magistral críticas e análises semelhantes.

“Truth Game”

Música que abre o álbum, fala do jogo da verdade. A verdade tornou-se líquida nos últimos tempos, com advento da pós-verdade, e com o amplo acesso à informação, independentemente de sua qualidade. Todos se julgam senhores do conhecimento, apesar de não passar de meros devaneios e ilusões de gente que só quer legitimar suas práticas, questionando-se até informações de conhecimento crucial e pedras sólidas da experiência humana.

“W.Y.S.I.A.T.I.”

O título é uma abreviação de What You See Is All There Is. Conceito tirado do livro “Rápido e Devagar” (Daniel Kahneman), falando a respeito do conhecimento superficial dando a ilusão de conhecimento vasto. Diariamente somos bombardeados por informações, porém temos acesso apenas a recortes de amplo conhecimento sobre determinados assuntos, porém temos a ilusão de que dominamos o conteúdo. Manchete de uma notícia tornou-se suficiente para saber o conteúdo de uma matéria inteira. “WYSIATI”: se uma informação é breve, coesa e de fácil entendimento, então ela é a verdade para você.

“Blood Fascination”

Essa faixa trata de tema cotidiano, que também foi potencializado pelas novas tecnologias: o fascínio por sangue, violência, tragédias. As pessoas não querem ajudar, não querem resolver problemas, querem apenas “ver o circo pegar fogo”. Não é um problema novo, é uma pedra incrustada no cérebro humano. Porém isso foi potencializado pelas novas tecnologias: hoje todos são camera man e repórteres, afinal todos têm uma camera em mãos.

“Eternal Suffering”

Essa música não fala de tecnologia. Fala do eterno sofrimento humano. Ao contrário do que pode parecer não é uma letra que trata de depressão. Trata da constante sensação de incompletude humana. A felicidade nunca é alcançada. Os momentos felizes são voláteis. O sucesso é como um ponto distante que, a cada passo dado, parece que se distancia mais. Não porque ele tenha realmente ficado mais distante, mas porque sua mente o projetou mais além. Então resta para você o questionamento: você já é feliz ou não?

“Divide and Conquer”

É uma temática antiga. Bem antiga. Mas que está presente eternamente nos nossos imaginários, fomentados principalmente por políticos. Estudiosos defendem que “dividir e conquistar” foi bastante aplicado por Napoleão Bonaparte. Povo dividido é povo fraco e se torna presa fácil. No Brasil vivemos nos últimos anos uma intensa polarização política, com a sociedade dicotomizada, fraca e presa fácil. “Together we stand, divided we fall”.

“#DeathTo”

Essa faixa foi tirada diretamente do último episódio da terceira temporada da série que intitula o álbum. Nesse episódio, usuários de redes sociais rotulam com a hashtag “#DeathTo” famosos que tenham feito algo que desagradou. No episódio, as vítimas do linchamento virtual, eram assassinados com auxílio de uma tecnologia. Trazendo para nossos dias: não importa quem você ou o que tenha feito de bom, uma atitude que desagrada o torna o mais novo demônio.

“Deus Ex Machina”

É um termo proveniente do teatro grego, mas presente até os nossos dias, também na sétima arte. É um artifício utilizado para resolução de situações, sem nenhuma explicação lógica, apenas acontece. Assim também é nossa vida em muitos aspectos. Os fatos simplesmente acontecem, mesmo sem nenhuma explicação lógica, de forma aleatória. Mente humana é faminta por explicações, às vezes, elas não existem.

“Streaming”

Como as músicas da banda necessitam das plataformas de streaming para serem divulgadas, então essa faixa é metalinguística. O meio falando do meio. Mas a intenção da letra é mostrar como nossas vidas atuais são um streaming. Esse meio depende de conexão, depende do mundo online. Esquecemos do sabor do mundo off-line. Tudo gira em torno da internet, de likes e compartilhamentos

WarGodsPress

Assessor de Imprensa com a Wargods Press, colaborador da revista Roadie Crew, co-autor do livro Tá no Sangue! e podcaster com o Metal Legacy.

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