O Metallica queria soar como uma banda britânica? Brian Ross do Satan e Blitzkrieg responde

O canal do YouTube HEAVY CULTURE conversou com Brian Ross, lendário vocalista das bandas Blitzkrieg e Satan, ícones do Heavy Metal britânico. Com mais de 40 anos dedicados à música pesada, Brian também integrou as primeiras formações do Avenger, gravando a demo “Too Wild to Tame” em 1982. Embora não tenha participado do álbum de estreia “Blood Sports” (1984), lançado pela Neat Records, sua faixa foi incluída em versões posteriores do disco, que recebeu reedições internacionais, incluindo uma brasileira lançada pela Frontline em 2002.

Ao longo da entrevista, realizada em 2022, Brian abordou diversos temas relacionados à sua trajetória e à cena do Heavy Metal, destacando o impacto de suas bandas no cenário mundial. Questionado sobre a influência do “Court in the Act” (Satan, 1983) em bandas de Thrash e Death Metal, o vocalista foi direto: “Eu não me importo. Se alguém foi impressionado o suficiente para se sentir influenciado, tudo bem. Para mim, o Satan é apenas puro Heavy Metal britânico. Mas se isso influencia bandas mais pesadas, ótimo! Todo mundo é influenciado por alguém. Se nós inspiramos alguém a pegar um instrumento e tocar, isso já vale muito.”

Outro ponto discutido foi a impressionante conservação de sua voz ao longo das décadas: “Não é algo que eu pense muito. Sim, estou mais velho, mas tento cuidar da minha voz. Durante a pandemia, cheguei a perder totalmente a voz, e tive que trabalhar muito para recuperá-la. Ainda faltam algumas notas no topo do meu alcance, mas continuo treinando. Fico feliz que as pessoas ainda gostem da minha voz. Enquanto eu conseguir cantar bem, vou continuar. Quando eu perceber que não consigo mais manter o nível, aí sim será a hora de parar – mas ainda não cheguei nesse ponto, felizmente.”

Sobre o rótulo de “banda da NWOBHM” (New Wave of British Heavy Metal), Brian esclareceu: “Nunca considerei o Satan ou o Blitzkrieg como parte da New Wave. Estávamos por aí antes mesmo dessa expressão existir. Queríamos apenas ser Heavy Metal britânico clássico, como Judas Priest ou Black Sabbath. A expressão New Wave of British Heavy Metal descreve mais o movimento e a atitude dos fãs do que o som das bandas em si. Estou muito orgulhoso de ter feito parte disso, mas acho que o rótulo descreve mais a cena do que as bandas individualmente.”

Assista ao corte no YouTube sobre a NWOBHM:

Ao ser convidado a citar três álbuns que ajudaram a definir a NWOBHM, Brian destacou “Number of the Beast” (Iron Maiden) e qualquer álbum do Saxon após o primeiro, acrescentando ainda “Painkiller” (Judas Priest) como um dos maiores álbuns de todos os tempos, apesar de não fazer parte da NWOBHM.  Ele comentou: “Olha, isso depende muito de quem você inclui nessa conversa. Conheço muita gente que considera o Judas Priest como parte da NWOBHM. Eu pessoalmente não acho que eles sejam”.

Questionado sobre a escolha do nome “Satan”, o vocalista explicou que o objetivo sempre foi simbolizar o mal humano: “O nome Satan nunca foi escolhido por causa do ‘diabo com chifres’ ou algo do tipo. A ideia era representar o mal no mundo. Se você ouvir nossas músicas, elas falam de injustiça, de guerra, da crueldade com os nativos americanos. Nunca teve nada a ver com magia negra ou satanismo de verdade — é a personificação do mal humano.”

O vocalista ainda exaltou a importância do Metallica na divulgação da NWOBHM: “O Metallica, nos primeiros dias, realmente queria soar como uma banda britânica. E de muitas formas, eles conseguiram. Eles continuam tocando Blitzkrieg nos shows. Acho que Blitzkrieg nem é a melhor música que já escrevemos, mas sem dúvida é a que mais ganhou atenção — e isso graças ao Metallica. Eles ajudaram muito a divulgar a NWOBHM. Foi incrível.”

Assista ao corte no YouTube sobre o Metallica:

Por fim, sobre as diferenças entre suas duas bandas principais, Brian concluiu: “Com o Blitzkrieg, sempre busco músicos que mantenham a essência, mas tragam novas ideias. Já o Satan tem a força da formação original. É o equilíbrio perfeito: no Blitzkrieg, a constante evolução; no Satan, a solidez da formação clássica. Dois mundos diferentes que funcionam muito bem para mim.”

Assista ao bate-papo completo:

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Achim Raschka

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WarGodsPress

Assessor de Imprensa com a Wargods Press, colaborador da revista Roadie Crew, co-autor do livro Tá no Sangue! e podcaster com o Metal Legacy.