Conflitos com Chuck Schuldiner marcaram turnê com o Dark Angel, revela o guitarrista Eric Meyer

Em uma transmissão ao vivo no canal Heavy Culture, os fãs de Thrash Metal tiveram a oportunidade de acompanhar uma conversa histórica com Eric Meyer, guitarrista da lendária banda Dark Angel. A entrevista celebrou os 36 anos do lançamento de “Darkness Descends”, disco icônico lançado em 17 de novembro de 1986, que moldou os contornos do Metal extremo e influenciou gerações de músicos ao redor do mundo. Coincidentemente, ou não, o bate-papo foi realizado ao vivo no dia 17 de novembro de 2022, justamente o aniversário de 36 anos deste verdadeiro clássico do Thrash Metal.

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“É incrível. Como músico, é a melhor sensação do mundo ter criado algo que as pessoas consideram icônico”, afirmou Meyer, demonstrando surpresa e entusiasmo com a longevidade do álbum. “É algo que lançamos há tanto tempo, e pensar que ainda é segurado em tão alta consideração é simplesmente incrível”, completou. Ao longo da conversa, ele relembrou os desafios da produção do disco, revelando que “Darkness Descends” foi gravado quase ao vivo, com recursos escassos, mas com uma energia incontrolável.

Segundo o guitarrista, a entrada do baterista Gene Hoglan foi determinante para a virada sonora do grupo. “Quando você tem o Gene, tudo muda de nível”, disse. Essa mudança foi crucial para a criação de um dos álbuns mais agressivos da história do Thrash Metal, considerado por muitos — incluindo o apresentador do programa — como um precursor do Death Metal. “Foi um esforço consciente para sermos mais rápidos, mais extremos. Queríamos ir ao limite”, destacou Meyer. Questionado sobre a introdução do álbum, o guitarrista revelou sua inspiração: “Toda essa introdução de feedback foi ideia minha. Quando eu era jovem e aprendia a tocar guitarra, ficava muito inspirado pelo Ted Nugent, que era um mestre do feedback. Eu ainda não sabia tocar muito bem, mas brincava na frente do amplificador. Então, foi meio estúpido assim. Mas foi ótimo poder trazer isso para o Dark Angel”.

Durante a entrevista, Meyer exibiu a guitarra original usada nas gravações dos dois primeiros álbuns da banda, uma Dean assinada pelo próprio fabricante. “Essa é a Dean que eu usei nos dois primeiros discos. Tem até a assinatura do próprio Dean, que encontrei num evento em Los Angeles”, contou, arrancando elogios dos fãs que acompanhavam o programa ao vivo. Além das memórias, o guitarrista adiantou novidades: o Dark Angel, na época do bate-papo, estava trabalhando em um novo álbum, com material já em fase de composição e gravação de demos. “Vai soar como o Dark Angel deve soar — pesado, rápido e brutal”, garantiu.

O novo álbum, cuja capa foi divulgada recentemente, será chamado de “Extinction Level Event”, e conta, além de Meyer na guitarra, com o vocalista Ron Rinehart, a guitarrista Laura Christine (no lugar de Jim Durkin, que faleceu em 2023), o baixista Mike Gonzalez e o baterista Gene Hoglan. Um single da faixa-título foi lançado no começo de abril. A banda tocará no festival Bangers Open Air no dia 3 de maio, no Memorial da América Latina, em São Paulo.

Ouça “Extinction Level Event”:

Outro trecho importante da entrevista revela a relação da banda com o líder do Death, Chuck Schuldiner, com quem participou do concerto “Ultimate Revenge 2” (1989), da Combat Records, que ainda contou com Forbidden, Faith or Fear e Raven. Na mesma época a banda fez uma turnê com o Death, e para o músico, a ocasião foi memorável, apesar dos contratempos nos bastidores. “Desde o começo da turnê, houve problemas. Quando você está tocando em clubes pequenos, a banda principal geralmente deixa a bateria montada no palco, e as outras bandas tocam na frente dela. Mas o Chuck já começou com dificuldades… Ele queria que o Death fosse a atração principal, mesmo tendo assinado o contrato como banda de abertura. Ele não falava com ninguém, só aparecia nos shows gritando, meio como um idiota — e, honestamente, eu não estava acostumado com esse tipo de comportamento. Nunca troquei uma palavra com ele. Falei com o baixista, que parecia legal, e o Rick Rozz era um cara muito bacana, parecia estar no meio da situação toda. O Chuck saiu da turnê, depois voltou, e saiu de novo… Nós só ríamos daquilo. Tocamos vários shows sem eles. É triste, porque ele fez coisas incríveis pelo Metal. O Gene [Hoglan] ainda tocou com ele depois, mas eu nunca tive a chance de conhecê-lo de verdade. Acho que ele tinha problemas pessoais, talvez mentais. Mas, naquela época, estávamos todos só tentando sobreviver em clubes pequenos — não éramos o Van Halen”.

Assista ao bate-papo completo:

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WarGodsPress

Assessor de Imprensa com a Wargods Press, colaborador da revista Roadie Crew, co-autor do livro Tá no Sangue! e podcaster com o Metal Legacy.