Resenha: Death By Metal: A História de Chuck Schuldiner
Livro: “Death by Metal: A História de Chuck Schuldiner”
Autor: Rino Gissi
Editora: Estética Torta – 2021
Páginas: 264
Falar de Chuck Schuldiner é falar sobre a criação do Death Metal. Embora saibamos que há vários “pais” do estilo, como Jeff Becerra do Possessed e Paul Speckmann do Master, foi Schuldiner que praticamente deu nome ao estilo, com a demo “Death by Metal”, lançada em 1984. E coube ao autor Rino Gissi revisitar as memórias mais antigas desta história de perseverança e luta que cercou a vida de Chuck nesta passagem meteórica sobre o planeta terra.
O livro é tão gostoso de fácil de ler que quando acaba deixa um gostinho de quero mais. Um dos diferenciais de Gissi é na dissecação das letras, muitas vezes analisando um álbum inteiro, buscando entender os pensamentos de Chuck e o que ele gostaria de passar em cada letra. E como vimos, do início “gore” dos primeiros álbuns, a forma de escrever mudou e se tornou mais séria, muitas vezes reflexiva e carregada de sentimentos (alguns explicitamente direcionados aos seus desafetos). Neste ponto é possível perceber que Chuck, embora considerado um cara gente boa, era capaz de arranjar inimizades sem muito esforço, sendo considerado muitas vezes uma pessoa arrogante e complicado de lidar. Não é â toa que o Death praticamente tenha virado sua banda solo e que tantos integrantes tenham passado em suas fileiras.
Além do Death, Chuck também nos agraciou com seu projeto de Heavy Metal tradicional Control Denied, lançando em 1999, o fenomenal “The Fragile Art of Existence”, aqui também esmiuçado pelo autor com seus detalhes mais importantes. Praticamente uma continuação do “The Sound of Perseverance”, o disco acabou sendo a última obra do lendário vocalista/guitarrista, um atestado de sua genialidade e versatilidade.
Gissi conseguiu contar, em ordem cronológica, tudo o que cercava a vida de Chuck, desde sua mais tenra idade até seus últimos dias, revelando fatos pouco divulgados sobre sua morte. Por mais que sejamos fãs inveterados da obra de Chuck (pelo menos eu assim me considero), alguns fatos não chegaram aos brasileiros da mesma forma que chegaram aos europeus e americanos, como os cancelamentos de shows e suas razões e as inúmeras tretas surgidas no início da década de 1990.
Além da ótima percepção de Gissi sobre o que abordar no livro e seu estilo de escrever, gerando uma leitura agradável, é de se destacar a já tradicional qualidade dos livros da Estética Torta, que a cada lançamento surpreendem cada vez mais seus leitores. A única ressalva vai para alguns erros de gramática/tradução, onde “Anvil”, a banda, vira “bigorna”, por exemplo, onde claramente não havia necessidade de tradução. Mas são erros pontuais e que não comprometem o produto final, digno de nota. Recomendado não apenas para fãs do Death, mas também de toda a cena Death Metal e similares, pois a própria história de Chuck se confunde com a história do estilo. ESSENCIAL!
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Nossa imagem de destaque (no Instagram www.instagram.com/bangerbooks) é uma lembrança do show que o Death fez no Dynamo Open Air em 31 de maio de 1998, dividindo o palco principal com Pantera, Kreator, Dimmu Borgir, Coal Chamber, dentre outros. Mais tarde o show foi lançado em CD e DVD, com o intuito de levantar fundos para o tratamento de câncer de Chuck. Interessante também relembrar a turnê insólita que o Death fez com o Hammerfall nos EUA, cortesia da gravadora Nuclear Blast. Em “Death by Metal: A História de Chuck Schuldiner” o autor Rino Gissi comete a gafe de falar mal dos suecos, desdenhando da banda, que na época promovia “Legacy of Kings”, seu melhor álbum. Embora seu gosto pessoal talvez não inclua certas bandas, achei desnecessário o comentário negativo. Há um vídeo com momentos divertidos da turnê, confira:
Quando foi lançado, em 31 de agosto de 1998, “The Sound of Perverance”, nem os fãs mais afoitos de Death sabiam o que estava por vir. Se “Symbollic” (1995) já apresentava muitas mudanças de sonoridade, o derradeiro álbum da banda trazia uma dose a mais de melodia, mas nem por isso deixou de entregar peso e agressividade. O que mais me chama a atenção é a qualidade do álbum num todo, onde nenhuma música é fraca e todas tem seu diferencial, sobretudo a fenomenal “Spirit Crusher”, que ouvi pela primeira vez no programa Arrasa Quarteirão, da extinta Ipanema FM, de Porto Alegre/RS. Consegui gravar o programa em fita K7 e devo ter ouvido a música dezenas de vezes, até conseguir o disco completo (também em fita K7!), através de trocas pelo correio. Aquela introdução do saudoso baixista Scott Clendenin é uma das mais incríveis da história do Heavy Metal. “The Sound of Perverance” é um disco completo, portentoso e atemporal.