Especial “Serás + Que Imaginação” – Confira entrevista com a banda de Thrashcore Imundo

No Vale do Taquari, a cidade gaúcha de Paverama está se preparando para receber, nos dias 30 e 31 de março, o festival multicultural “Serás + Que Imaginação” durante o fim de semana da Páscoa. Este evento promete uma experiência única ao reunir bandas e DJs de uma ampla variedade de estilos musicais, desde Música Brasileira, Reggae, Trap, Instrumental, Rock Alternativo, Punk/HC, Crossover, Heavy Metal, Thrash Metal, Post-Punk e Grindcore, até vertentes eletrônicas como Indie Retro, House, Techno, Zenonesque, Psy-Trance e Trance psicodélico.

Para dar aos espectadores um vislumbre das atrações, realizamos entrevistas exclusivas com algumas das bandas e artistas participantes, oferecendo um olhar especial sobre esta celebração underground.

Uma destas atrações do festival é a banda IMUNDO, de Estrela/RS, formada no início da pandemia. De lá para cá, lançaram um álbum que leva o nome da banda e o próximo lançamento será um EP, agendado para agosto, mantendo a sonoridade característica, mas com elementos novos e mais complexidade nas músicas. A seguir, uma entrevista com o grupo, que nos revelou detalhes desta trajetória.

Como surgiu a ideia de formar a banda e o que os motivou a explorar o Thrashcore? Aliás, a banda surgiu durante a pandemia. Houve alguma conexão com aquele momento em que a tensão estava no ar?

Na época, todos os integrantes estavam sem banda, todo mundo se conhecia de outros projetos musicais, a gente estava pilhado em fazer um som mais pesado, e tudo se encaixou. Olhando para trás, nos primeiros ensaios da banda a pandemia ainda não tinha chegado no Brasil, mas já havia um clima de “precisamos terminar estas músicas o mais rápido possível”. De certa forma, isso refletiu nas nossas primeiras composições, que são mais rápidas e mais simples comparadas ao restante do álbum.

O primeiro álbum, que leva o nome da banda, foi lançado em 2023. Como foi o processo de composição e gravação deste álbum?

Foi bem tranquilo, pois a gente teve um tempo extenso de pré-produção, fizemos os arranjos das músicas sem pressa, ao longo de quase 2 anos, em que todo mundo pode dar sua opinião sobre como cada música poderia soar. Aí na hora de gravar em estúdio foi bem rápido, todo mundo já sabia o que tinha que fazer, acrescentamos só alguns detalhes em partes específicas de algumas músicas.

As músicas do álbum refletem um contexto de caos político e sanitário. Como vocês lidaram com esses desafios durante o processo de criação?

Em 2020 foi bem difícil, pois em dois meses de banda quando estávamos super empolgados veio a pandemia e colocou tudo em modo de espera. Nos sentimos mais seguros para voltar com os ensaios depois que todo mundo foi vacinado contra a COVID, e foi um reencontro muito bom, mas também de certa forma estranho, porque a pandemia e o isolamento afetaram cada um de formas diferentes.

Qual é a mensagem principal que vocês buscam transmitir através das letras e da sonoridade do álbum? Músicas como “Fanáticos”, “Em Nome do Mal” e “Desaparecer” acabam se destacando em termos líricos. O que você poderia nos falar sobre estas faixas?

Não temos um objetivo específico ou uma missão de passar uma mensagem. Porém todos nós temos nosso posicionamento político e ideológico. Acreditamos que a música assim como arte deve ter livre interpretação. Acabamos escrevendo muito o que estamos vivendo e presenciando naquele momento. “Fanáticos” e “Em Nome do Mal” é retrato do que o nosso país viveu e faleceu com um governo genocida, assassino, criminoso, não democrático, racista, opressor, enfim, uma série de adjetivos para caracterizar o que passamos e ainda colhemos desse período. “Desaparecer” é um relato de um jovem em depressão em um loop de sentimentos de ódio e pensamentos suicidas. 

O que podemos esperar em relação ao lançamento do novo trabalho, um EP, previsto para o segundo semestre deste ano?

Neste lançamento vão ter músicas com a nossa sonoridade característica do primeiro álbum, mas também com elementos novos no meio das faixas, acredito que seja uma evolução natural de fazer músicas mais complexas sem perder a agressividade e a energia. Também vão ter algumas surpresas, aguardem!

Como tem sido a recepção do público em relação ao trabalho da banda até agora? O fato de morar em uma cidade do interior como Estrela causa algum tipo de empecilho na hora de correr atrás de shows?

A reação do público tem sido ótima. A gente brinca que é muito bom receber aplausos e elogios dos nossos amigos, mas quando pessoas que não conhecemos vão nos nossos shows, nos cumprimentam e nos parabenizam, fica a sensação de que o nosso trabalho realmente é bom e estamos no caminho certo. Sobre morar no interior ser um empecilho, não sentimos isso porque ainda não fizemos muitos shows. Ao mesmo tempo, nosso show em POA no ano passado foi super bem recebido, acreditamos que o público da capital tem curiosidade para conhecer as bandas de outras regiões.

Por fim, em alguns dias a banda participará do festival “Serás + Que Imaginação”, que levará ao público uma ampla gama de estilos. Quais as expectativas para este evento?

A expectativa é encontrar nossos amigos, conhecer pessoas novas e nos divertirmos. Que a nossa apresentação, junto com todas as outras, possa ser um instrumento de conexão entre quem estiver presente. Isso são coisas que só um festival multicultural pode proporcionar: uma pessoa que jamais procuraria nossa música pode assistir ao nosso show e perceber “nossa, isso é legal também!”. Da mesma forma, pessoas que acompanham nossa banda terão a oportunidade de conhecer artistas de estilos bem diferentes do da gente, e expandir seu interesse musical. Vai ser muito bom, vai ser sensacional, vai ser mais que imaginação!

Saiba mais:

Bandcamp: https://imundo.bandcamp.com/album/imundo
YouTube:  https://www.youtube.com/@ImundoThrash
Instagram: https://www.instagram.com/imundothrash

WarGodsPress

Assessor de Imprensa com a Wargods Press, colaborador da revista Roadie Crew, co-autor do livro Tá no Sangue! e podcaster com o Metal Legacy.