“Somewhere In Time – Um Clássico do Iron Maiden” entrega ao leitor o que há de melhor no mundo maideniano
Livro: “Somewhere In Time – Um Clássico do Iron Maiden”
Autor: Stjepan Juras
Tradutor: Luiz Fernando Souza Spósito
Editora: Estética Torta – 2020
Páginas: 384
Nesta empreitada épica do escritor Stjepan Juras, “Somewhere in Time”, sexto álbum de estúdio do Iron Maiden, ganha um livro basicamente à sua altura, onde o autor se debruça sobre todos os detalhes deste disco tão amado e por vezes tão mal compreendido da Donzela de Ferro. Na época de seu lançamento, em 1986, o mundo do Heavy Metal passava por um turbilhão de acontecimentos e novos discos pipocavam nas prateleiras das lojas, com inúmeras bandas lançando aqueles que seriam suas obras-primas, como o Metallica com “Master of Puppets” e o Slayer com “Reign in Blood”. Além disso, novos nomes estavam despontando, e o Thrash Metal estava com a corda toda. Só para citar mais alguns discos lançados naquele ano, temos os alemães do Kreator com “Pleasure to Kill” e Destruction com “Eternal Devastation”, Onslaught com “The Force”, Whiplash e o poderoso “Power and Pain” e Megadeth e seu marcante “Peace Sells… But Who’s Buying?”. No Brasil o Sepultura lançava seu primeiro álbum completo, “Morbid Visions” e ao redor do mundo mais e mais discos faziam a festa dos headbangers.
Naquele ano tão movimentado, bandas como Darkthrone, Nuclear Assault, Pestilence, Prong, Bolt Thrower e Skid Row davam seus primeiros passos, enquanto baluartes como Black Sabbath passavam por problemas de formação e popularidade. No livro, Stjepan fala sobre esse período e a situação do Maiden nesta época, relembrando também fatos importantes ocorridos no mundo, desde os filmes em cartaz nos cinemas até o acidente nuclear de Chernobyl. Tudo isso impactava o universo de Steve Harris & cia.
Vindos da turnê monumental “World Slavery Tour”, que percorreu o mundo entre agosto de 1984 e julho de 1985, Bruce Dickinson (vocal), Dave Murray e Adrian Smith (guitarras), Steve Harris (baixo) e Nicko McBrain (bateria) estavam cansados da estrada e precisavam de um descanso antes de começar a compor “Somewhere in Time” e entrar em estúdio com o produtor Martin Birch.
Então, sendo 1986 um ano tão concorrido e com tantas coisas acontecendo, e após uma turnê tão longa, era preciso que o Iron Maiden, descansasse, se concentrasse edesse um passo além, tanto visualmente quanto musicalmente. E em ambos os quesitos o grupo soube se superar, lançando este que é seu melhor álbum, do meu ponto de vista e de milhares de fãs. “Somewhere in Time” possui aquela que é a capa mais complexa de Derek Riggs, com dezenas de mensagens escondidas, assunto abordado com afinco por Stjepan no livro. Aliás, é de se apavorar com a meticulosidade na pesquisa do autor, sempre engajado em apresentar aos fãs um material completo e de qualidade, com muita pesquisa e uma dose de “Sherlock Holmes”. Em alguns casos Stjepan se envereda por teorias de conspiração malucas sobre o surgimento de músicas, detalhes na capa do álbum e acontecimentos, mas, tudo muito justificável e que por muitas vezes nós mesmos já poderíamos ter pensado. Por se não se tratar de uma biografia oficial da banda ou do disco, Stjepan não se furta em falar o que pensa.
Com capa dura e 384 páginas, “Somewhere In Time – Um Clássico do Iron Maiden” entrega ao leitor o que há de melhor no mundo maideniano, que, como sabemos, é um mundo à parte. Além do texto em si recheados de informações, há inúmeros recortes de jornais, fotos, cartazes de shows e festivais, capas de singles e demais itens de memorabilia. Assim como o livro anterior, a leitura flui de forma rápida e leve, ficando com gostinho de quero mais.
Revisitar a história de “Somewhere In Time” enquanto a banda se prepara para a “The Future Past Tour” – tour que terá início em junho de 2023 celebrando faixas deste clássico com músicas do recente “Senjutsu” – é uma tarefa prazerosa e que rende um aprendizado ainda maior sobre esta fase. Por enquanto o giro desta turnê passará apenas pela Europa, mas já há datas agendadas para a banda aqui no Brasil em 2024, afinal, é por aqui que a banda concentra seu público mais apaixonado. Quem sabe finalmente teremos a oportunidade de ouvir “Alexander the Great” ao vivo? Segundo Bruce Dickinson em uma declaração recente, a inclusão desta música no set list está nos planos da banda. Outra faixa do disco comentada recentemente é “The Loneliness Of The Long Distance Runner”, onde Steve Harris avaliou a possibilidade de tocá-la em uma entrevista.
“Somewhere In Time – Um Clássico do Iron Maiden” foi o segundo lançamento da Estética Torta de uma série sobre o Iron Maiden. O primeiro livro, sobre “The Number of the Beast”, já foi resenhado aqui pelo Banger Books, com Stjepan literalmente dissecando a estreia de Bruce Dickinson na banda e contando todos os detalhes sobre aquela fase. Nossa próxima viagem é para trás, no terceiro livro da série, “Powerslave: Um Clássico do Iron Maiden”.
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