Especial “Serás + Que Imaginação” – Geração Final fala sobre sua trajetória no cenário Punk/HC gaúcho

No Vale do Taquari, a cidade gaúcha de Paverama se prepara para sediar, nos dias 30 e 31 de março, o festival multicultural “Serás + Que Imaginação” durante o fim de semana da Páscoa. O evento reunirá bandas e DJs de uma ampla gama de estilos musicais, desde Música Brasileira, Reggae, Trap, Instrumental, Rock Alternativo, Punk/HC, Crossover, Heavy Metal, Thrash Metal, Post-Punk e Grindcore, até vertentes eletrônicas como Indie Retro, House, Techno, Zenonesque, Psy-Trance e Trance psicodélico. Para apresentar um vislumbre das atrações, realizamos entrevistas com algumas das bandas e artistas participantes, oferecendo um olhar especial sobre esta celebração underground.

Uma destas atrações do festival é a banda GERAÇÃO FINAL, de Farroupilha/RS, uma das grandes representantes da cena Punk/HC da região serrana, na ativa há mais de três décadas. Conversamos com o baterista Marciano Bondan sobre diversos assuntos envolvendo a história da banda.

Como surgiu a ideia de formar a banda GERAÇÃO FINAL e o que inspirou vocês a começar a tocar juntos?

A Geração Final foi formada no início do ano de 1992 e surgiu com a ideia de dois irmãos e mais um amigo e esse amigo o único que ficou na banda até hoje que é o Márcio o guitarrista, sendo que em 1993 entrou para assumir os vocais o Marciano que está aí até hoje.

Quais foram os principais desafios que enfrentaram como uma banda Punk/HC emergente nos anos 90, especialmente vindo do subúrbio de Farroupilha? Houve resistência por quem não entendia a proposta do grupo?

Os maiores desafios enfrentados pela banda Geração Final foram os próprios integrantes que ao longo dos tempos se desgastaram de ter que pagar para tocar viagens dormir em rodoviária começaram a vir a família filhos então foi a troca de integrantes que nesses 32 anos de Geração Final se passaram pela banda mais de 30 integrantes desde sua formação, sempre houve resistência para quem não entendia o propósito as letras as atitudes da banda que sempre foi protestar contra tudo que a gente achava errado, militarismo, sexismo, homofobia, racismo, fascismo, nazismo, a desigualdade social…. Ainda mais uma banda formada na Serra gaúcha na região de Farroupilha. terra de imigrantes italianos e alemães. muitos desses com o racismo e machismo na veia de criação.

Como foi o processo de composição e gravação da primeira demo-tape, “Revolução Anti-militar”, em 1995? Obviamente os tempos são outros, naquela época não havia redes sociais, não havia tanto acesso às informações. Como era a forma de divulgação deste trabalho? Havia contato com fanzines e bandas de outras cidades?

Essa ideia surgiu através de uma perspectiva e uma vontade imensa que a banda tinha de divulgar o trabalho, que na época em 95 quando foi gravado a demo era muito raro uma banda Punk entrar em estúdio ainda mais na Serra gaúcha, e uma banda de uma cidadezinha pequena como Farroupilha e a divulgação do nosso trabalho tanto como para ir em shows a gente fazia a troca de contatos via cartas ou raramente em ligações (até porque Punk era raro ter um telefone de linha – risos), mas sempre houve muita vontade de fazer acontecer a Geração Final.

Como vocês percebem a evolução do som e das letras da banda desde a primeira demo até o primeiro álbum, gravado em CD em 2000?

Na verdade, a nossa primeira demo-tape, gravada em 1995, com o título de “Revolução Anti-militar”, a gente gravou tudo em canais separado bonitinho até foi caro para caralho ainda mais para uma banda Punk da época. A gente também demorou para gravar por causa das condições financeiras de todo o mundo e também já era outra formação, a evolução do som da música da Geração Final de 1995 para 2000 por uma mudança quase que radical, em 1995 a Geração Final tocava aquele bom e velho Punk Rock, em 2000 a Geração Final já pegou o ritmo bem mais hardcore mais agressivo e mais violento com as letras sempre voltadas para o movimento com as atitudes Punk com o protesto.

Ao longo dos anos, quais foram os momentos mais marcantes ou as experiências mais significativas que a banda vivenciou até agora?

Houve vários momentos marcantes nestes anos da banda Geração Final, vou citar alguns deles, como a gravação da nossa primeira demo em 1995 e a gravação do nosso primeiro CD em meados de 2001 a 2002 (demorado por falta de grana) (risos). A Geração Final sempre foi uma banda de tocar em qualquer lugar para qualquer público, e a gente sempre quer é tocar. A primeira vez que saímos do Estado do Rio Grande do Sul foi em um show no aniversário da cidade de Concórdia, Santa Catarina, onde abrimos para a banda REPLICANTES. Fomos super bem recebidos, a galera nunca tinha ouvido falar da banda e agitou o show inteiro. Foi foda descermos do palco como uma banda pop star (risos), onde a galera queria tirar foto e pedir autógrafos (risos). Tocamos também na festa da rádio aqui da cidade de Farroupilha, onde ouvimos um salão lotado gritando o nome da Geração Final e pedindo a música “Anti-Militar”. Tocamos também no festival Berçário Atlântida, onde de 58 bandas da serra, ficamos entre as quatro (lembrando que nunca foi o nosso objetivo ganhar festival nenhum, e sim pelo simples motivo de tocar, de poder tocar e fazer o que a gente gosta). Tivemos também em Teutônia, onde tocamos num festival só de bandas de metal, nós éramos a única banda Punk hardcore. Fomos super bem recebidos e a galera agitou para caralho. Tivemos a honra e o prazer de abrir o show para a banda finlandesa RATTUS. Na verdade, para nós da Geração Final, todos os eventos, todos os lugares, todos os shows que fizemos foram muito importantes e têm uma história, mas se eu for contar todas, não vai ter espaço que chegue nesta entrevista.

Como vocês descreveriam o papel e a importância do Punk/HC na cena musical e cultural de Farroupilha? Quais outras bandas seguem na ativa na cidade e quais as diferenças que você apontaria nestes 30 anos de banda?

Aqui na cidade de Farroupilha nunca recebemos apoio tanto da parte da Prefeitura Municipal, Secretaria de Educação e Cultura, tudo que a gente organizou festivais é shows pois com iniciativa própria, infelizmente o Punk em Farroupilha foi uma onda que veio e logo foi decepado pelos próprios punks que muitos viveram uma moda, sem atitude, apenas modismo.

O nome GERAÇÃO FINAL nos dá uma ideia de que podemos ser a última geração, seja da humanidade ou até mesmo da cena musical. Seríamos a última geração de uma cena musical que carece de renovação? O que você pensa nesse sentido?

Esse foi o intuito de criar esse nome, sempre estamos a ponto de ser a última geração, justamente por causa da fome a guerra a repressão, a ganância do ser humano destruindo e agredindo a natureza, construções de bombas atômicas e armamentos desenfreados, por isso motivo podemos ser sim a Geração Final.

No final de março a banda fará parte do festival “Serás + Que Imaginação”, que traz em seu cast bandas e artistas de estilos variados, mas que juntos formam um apanhado interessante do underground. Qual a expectativa de vocês?

Nossa expectativa é a melhor possível, procurei me informar sobre as bandas que irão tocar conosco, e vi que ali só tem banda foda, quando eu recebi o convite do nosso irmão Marcelo Lopes, logo coloquei no grupo da banda e aceitamos de imediato, como a Geração Final nos anos 90 tocou inúmeras vezes na região de Teutônia, Paverama e Lageado, estamos só pelo momento de tocar nesse grande evento, e somos só gratidão pelo convite.

Por fim, quais são os planos futuros da banda? Podemos esperar por novos lançamentos, shows ou colaborações interessantes nos próximos anos?

A previsão é sempre é melhor possível, estamos em processo de gravação para um novo trabalho, convite para abrir para uma grande banda do cenário Punk nacional, novas composições, novos arranjos estão sendo criadas, e algumas de gravações de músicas antigas, quem curte o som da banda pode ficar tranquilo que vem coisa nova por aí, Geração Final Punk/HC!

Saiba mais:

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WarGodsPress

Assessor de Imprensa com a Wargods Press, colaborador da revista Roadie Crew, co-autor do livro Tá no Sangue! e podcaster com o Metal Legacy.