Especial “Serás + Que Imaginação” – Steel Grinder prestará homenagem ao baixista Felipe “Tubarão”
No Vale do Taquari, a cidade gaúcha de Paverama está se preparando para receber, nos dias 30 e 31 de março, o festival multicultural “Serás + Que Imaginação” durante o fim de semana da Páscoa. Este evento promete uma experiência única ao reunir bandas e DJs de uma ampla variedade de estilos musicais, desde Música Brasileira, Reggae, Trap, Instrumental, Rock Alternativo, Punk/HC, Crossover, Heavy Metal, Thrash Metal, Post-Punk e Grindcore, até vertentes eletrônicas como Indie Retro, House, Techno, Zenonesque, Psy-Trance e Trance psicodélico. Para dar aos espectadores um vislumbre das atrações, realizamos entrevistas exclusivas com algumas das bandas e artistas participantes, oferecendo um olhar especial sobre esta celebração underground.
Uma destas atrações do festival é a banda STEEL GRINDER, de Porto Alegre/RS, que está prestes a completar ¼ de século em nome do som pesado. Num bate-papo com o baterista Marcelo Pedro e com o guitarrista Guliano Frizzo, além de uma participação póstuma do baixista Felipe Ribeiro, vamos conhecer um pouco mais desta verdadeira instituição do Metal Gaúcho. Completa a banda o vocalista Antônio Marcos Teixeira. Infelizmente, no dia 8 de março a comunidade metálica entrou em luto pela perda de Felipe Ribeiro, também conhecido como Felipe “Tubarão” ou “Tuba”, com passagem pelas bandas Ghaya e Nigurah. O show do STEEL GRINDER será em homenagem a ele.
Formada em 2000, e após o lançamento de uma demo e um álbum, o Steel Grinder fez uma pausa e voltou às atividades em 2021, com uma nova formação. Como foi o processo de reunir os novos integrantes e o que motivou a banda a retomar suas atividades após esse tempo, tendo apenas você como integrante original?
Marcelo Pedroso: A banda ficou um tempo em pausa, devido as mudanças de formações, mas nunca anunciou o término. Sempre tive a vontade de retomar as atividades do Steel Grinder, mas tive dificuldade de levar trabalho adiante, precisava encontrar pessoas com vontade de realizar um trabalho sólido e com seriedade. O processo de reunir novos integrantes, começou quando fiz um post pedindo por um guitarrista, sem divulgar para qual proposito. Desde então iniciei uma conversa com o Giuliano Frizzo onde expus a minha vontade de retomar a banda, porém, com nova proposta. Ele achou interessante, acreditou que poderíamos criar experiências musicais inovadoras. Na ocasião o Giu convidou o Felipe Ribeiro (“Tubarão”) para se juntar a nós e ele também comprou a ideia. Com a parte instrumental já formada, não poderia faltar um vocal de atitude. Como eu já tinha uma amizade de longa data com o Antônio Marcos (“Fumanchu”) e conhecia o seu trabalho, fiz a proposta que imediatamente foi aceita, então chegamos ao fechamento do time.
Com essa nova formação, como você descreveria a evolução sonora da Steel Grinder em comparação com a formação original? Quais são os elementos distintivos que os novos membros trouxeram para o som da banda? Creio que a palavra “agressividade” defina bem estas mudanças. De um Metal mais tradicional, a nova versão da banda passou para uma sonoridade mais agressiva, calcada em influências de Thrash e Death Metal.
Marcelo Pedroso: Não existe comparação, a formação anterior tinha uma proposta de heavy metal clássico. A formação atual incorpora elementos mais agressivos, somando experiências dos músicos e suas vivências, a banda atualmente não se limita a apenas um estilo, mas de acordo com as influências individuais, abrange todos dentro do metal.
O lançamento do primeiro single com a nova formação, “Pit of Carnage”, foi realizado em março de 2022. Você poderia compartilhar com os leitores um pouco sobre a inspiração por trás dessa música e como ela reflete a identidade da Steel Grinder atualmente?
Guliano Frizzo: Como já citado, foi o primeiro single, a “primeira” música desta nova fase da banda, tendo os riffs criados espontaneamente, no momento em que eu e o Marcelo nos sentamos juntos, para “experimentar” coisas novas. É a síntese do que senti que era para ser o “novo” Steel Grinder; direto, com mais partes “ganchudas” do que complexas.
A estreia ao vivo da banda ocorreu no 28° RS True Metal Fest em 27 de março de 2022. Como foi a experiência de subir ao palco novamente após esse hiato e como foi a recepção do público à nova formação e ao novo material?
Marcelo Pedroso: A recepção inicial, como subir no palco do 28° RS True Metal Fest foi uma oportunidade muito especial e quem abriu essa primeira porta foi o Flávio Soares (Leviaethan e True Metal Records). Mostrar ao vivo o que estávamos fazendo, compartilhando com paixão e expressão o nosso trabalho foi uma experiência valiosa. O público se conectou de uma forma verdadeira conosco, ou seja, tivemos grande aceitação e feedback foi positivo.
Compartilhar o palco com bandas como Mortticia, Inexistence, Draktar e One of Them certamente proporcionou uma experiência marcante. Como vocês veem a importância dessas colaborações entre diversos estilos dentro da cena underground do RS?
Marcelo Pedroso: Independente do estilo musical, compartilhar o palco impulsiona o crescimento artístico, fortalece os laços, oportuniza a criação de parcerias e enriquece experiências para todos os envolvidos.
A Steel Grinder tem uma proposta musical que remete às vertentes de som pesado dos anos 80, como Hardcore, Death e Thrash Metal. Como vocês equilibram a nostalgia dessas influências com a necessidade de trazer uma abordagem fresca e atualizada para o cenário atual do metal?
Marcelo Pedroso: A banda experimenta diferentes arranjos, instrumentação, progressões de acordes e estruturas de música para trazer uma sensação atualizada às suas composições. Incorpora fusão de diferentes estilos musicais e influências para criar algo único e inovador. As letras e os temas das músicas buscam trazer perspectiva contemporânea, explorara questões sociais, políticas e pessoais relevantes para o mundo de hoje, adicionando profundidade e significado e ao mesmo tempo mantém energia e agressividade do metal.
O tema abordado em “Pit of Carnage” sobre a exploração humana pelo sistema é bastante provocativo. Como a banda espera que o público receba essa mensagem e qual é o papel do metal em abordar questões sociais e políticas?
Guliano Frizzo: E uma letra igualmente direta, basicamente, não interessa onde você está neste mundo, uma hora a “água vai bater na sua bunda”, estamos todos esperando o momento de cairmos em um “Fosso de carnificina”.
“Infomission”, lançada no mesmo ano, traz uma pegada semelhante, ratificando a posição da banda no cenário metálico gaúcho. Do que se trata a música e como foi sua aceitação?
Guliano Frizzo: “Infomission” já é mais um questionamento. O próprio trocadilho do nome entrega; omissão da informação, através da alienação. As pessoas são tão bombardeadas com “informação” hoje em dia, principalmente de fontes duvidosas, que dificilmente tem a capacidade e o discernimento de perceber o que os cerca de verdade. É tanta baboseira goela abaixo, que as pessoas estão se tornando passionais com relação a coisas que deveriam ser analisadas com senso crítico, como por exemplo: política.
No final de 2023 é lançado o single “The Soylent”, indicando a possibilidade de um álbum completo, afinal, é o terceiro single num período bem curto. Quais as principais características desta música?
Felipe Tubarão: A música “The Soylent” é baseada no filme “The Soylent Green”, de 1973, dirigido por Richard Fleischer. Em um futuro não muito distante, existe a escassez de comida e recursos naturais, tudo é controlado por uma empresa, a SOYLENT CORP, que fornece o Soylent para a população. O Soylent é uma barra alimentar fornecida como sendo feita de proteínas, carboidratos e soja. Após a morte de um dos executivos da SOYLENT CORP, um investigador segue um rastro que o leva a uma estarrecedora revelação sobre a produção do popular Soylent. Mate pelo Soylent, morra pelo Soylent, se torne o Soylent. Agora cabe a vocês descobrirem essa estarrecedora verdade.
Infelizmente dias atrás foi noticiado o falecimento do baixista Felipe Ribeiro, o que deixou a comunidade metálica gaúcha consternada. Como é um assunto muito recente, imagino que a dor que vocês estão passando deva ser enorme. Como você gostaria que Felipe seja lembrado? O que ele significava para esta nova fase da banda e como amigo dos integrantes?
Guliano Frizzo/ Marcelo Pedroso: O “Tuba”, “Tubinha” ou “Felipe Tubarão” será lembrado como um músico talentoso, dedicado e apaixonado, cuja contribuição foi fundamental para esta nova fase da banda. Ele trouxe suas habilidades musicais, mas também seu entusiasmo, criatividade e energia para o grupo. Sua presença e amizade foram inestimáveis para nós da banda, trazia sinergia, camaradagem e inspiração para o processo criativo. Ele não era apenas um colega de banda, mas um amigo, era parte da família que escolhemos ter. Ele era alguém em quem confiávamos, com quem compartilhávamos momentos de alegria e desafios, e cuja presença deixará um vazio significativo em nossas vidas e na vida de todos que o conheceram. Ele será lembrado não apenas como um talentoso músico, mas como alguém que trouxe alegria, apoio e inspiração para todos que tiveram a sorte de conhecê-lo. Suas qualidades humanas e sua essência gentil, bondade, generosidade e espírito positivo, continuarão a viver nas memórias e nos corações daqueles que o amavam e admiravam. Que sua luz e memória permaneçam em nossos corações, através das lembranças e da música que criamos juntos, do impacto que ele teve em nossas vidas e de toda comunidade musical que teve a oportunidade de cruzar o seu caminho. Que ele descanse em paz e que seu legado musical continue a inspirar e tocar corações.
A apresentação do grupo está mantida para o “Serás + Que Imaginação”, em formato de power trio. Dada a situação triste do momento, creio que o show será uma espécie de tributo para o Felipe. Que recado você dá para o público do evento?
Guliano Frizzo/ Marcelo Pedroso: Este show é a primeira apresentação sem o nosso querido amigo e baixista, e será uma homenagem ao legado do Felipe “Tubarão”, carinhosamente “Tuba”. Celebraremos a sua vida e de tudo o que ele representava. Como um power trio, estamos aqui para honrar seu legado e seu compromisso com a arte e levar adiante o trabalho que ele tinha tanta seriedade e paixão em realizar. Que este show seja um momento de cura, conexão e lembrança. Que a música nos una em memória do “Tuba” e nos inspire a continuar celebrando o amor e a amizade em vida. Obrigado a todos que apoiaram o Steel Grinder e a família do Felipe “Tubarão” nesse momento tão difícil, agradecemos o convite ao Marcelo Lopes para participar no evento e também ao público por se juntarem a nós nesta noite especial, vamos fazer música juntos, em honra ao nosso amigo.
Saiba mais sobre a banda:
https://www.instagram.com/steel.grinder